Viver e deixar viver ou Na palma da mão



Havia um homem e havia uma mulher. Havia entre eles um sentimento.
Um sentimento que nasceu pequenino e cresceu rapidamente. Brincava entre eles, com eles, e os divertia com sua felicidade. Rolava como bola colorida e girava como pião. Voava alto como pipa e caia manso como um balão. Pulava de um para outro se alimentando de sua alegria, se embebendo na sua emoção. Se adaptando a qualquer situação, na palma da mão.
Quando o homem desejou que fosse diferente e ele tentou se transformar. Quando a mulher o desejou mais crescido ele tentou se aumentar. A medida que os dias passavam, começou a se deformar, tentando se adequar ao que dele esperavam (ou imaginavam) até que um dia desistiu e se partiu, para ambos agradar.
Cada parte crescendo de um jeito, criou um grande problema pois passaram a se estranhar. Na estranheza deixaram um espaço, um vazio que os incomodava. Rapidamente criaram outros sentimentos para o ocupar. Nem tão bonitos, nem tão coloridos, muito menos tão adaptáveis. Todos partidos, pois nasciam da mesma relação partida.
Havia um homem e havia uma mulher. Havia entre eles um monte de sentimentos confusos.
Sentimentos receosos, medrosos que não sabiam como se aproximar.
Até que um dia desistiram de tentar e seguiram, pelos dias afora, buscando encontrar uma metade que os completasse.
E foram infelizes para sempre.

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