InSensatez



"Escrevam menos! Qualidade é mais importante do que quantidade... Leio coisas demais, poemas demais, que não precisavam ser escritos. Me incomoda isso, como se a gente não tivesse coisas demais escritas pela história da humanidade. Eu não acredito que alguém possa escrever um poema por dia, e ainda assim cada um deles ser novo. Tem gente que escreve o mesmo poema centenas de vezes, mudando isso ou aquilo, outro título, outras palavras, mas mesmo assim é o mesmo poema. Como se cada vez que a pessoa se sentisse triste ela tivesse que escrever mais um poema triste, mesmo que ele nada acrescente aos outros, que fez antes. Ou, se um certo estilo dá certo, a pessoa fica repetindo o estilo. Estio enche!. Um poema tem que ser uma coisa única, inteira, própria. Uma coisa necessária. Senão é melhor não ser feito."

Patricia Clemente

Sensatez
(Para Sofia)
Se eu fosse sóbria e séria, se sensata,
Do amor tomava um trago a cada dia,
Com calma, em paz, em cálida alegria,
Se eu fosse sóbria, sim,
Isso eu faria.

Se eu fosse sóbria e séria, se sensata,
Dos cultos a verdade aceitaria,
Um bom pastor, não Deus pra ser meu guia,
Se eu fosse sábia, sim,
Eu buscaria.

Se eu fosse sóbria e séria, se sensata,
Casada e gorda, comportada e fria,
Um mundo bom, o amor de uma família,
Se eu fosse séria, sim,
Eu já teria.

Mas a paixão não quer a sobriedade
Nem seriedade sabe o coração
E quem busca o calor da divindade
Não se consola com religião.

E não sou sóbria e séria e nem sensata,
Eu meço a hipocrisia dos contentes
E ao justo criador nada mais peço
Que a luz do Sol pra me afiar os dentes.

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